quinta-feira, 4 de abril de 2013

História




O primeiro experimento conhecido de conexão de computadores em rede foi feito em 1965, nos
estados unidos, por obra de dois cientistas: Lawrence Roberts e Thomas Merril. A experiência foi
realizada por meio de uma linha telefônica discada de baixa velocidade, fazendo a conexão entre
dois centros de pesquisa em Massachusetts e na Califórnia. Estava plantada ali a semente para o
que hoje é a Internet – mãe de todas as redes.
O nascimento das redes de computadores, não por acaso, está associada a corrida espacial. Boa

parte dos elementos e aplicações essenciais para a comunicação entre computadores, como o
protocolo TCP/IP, a tecnologia de comutação de pacotes de dados e o correio eletrônico, estão
relacionados ao desenvolvimento da Arpanet, a rede que deu origem a internet. Ela foi criada por
um programa desenvolvido pela Advanced Research Projects Agency (ARPA) mais tarde
rebatizada como DARPA.
A agencia nasceu de uma iniciativa do departamento de defesa dos estados unidos, na época
preocupado em não perder terreno na corrida tecnológica deflagrada pelos russos com o
lançamento do satélite Sputinik, em 1957. Roberts, acadêmico do MIT (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts), era um dos integrantes da DARPA e um dos pais da Arpanet, que começou em
1969 conectando quatro universidades: UCLA – Universidade da Califórnia em Los Angeles,
Stanford, Santa Bárbara e Utah. A separação dos militares da Arpanet só ocorreu em 1983, com a
criação da Milnet.

Alguns dos marcos importantes para a evolução das redes locais de computadores ocorreram nos
anos 70. Ate a década anterior os computadores eram maquinas gigantescas que processavam
informações por meio da leitura de cartões ou fitas magnéticas. Não havia interação entre o
usuário e a maquina. No final dos anos 60 ocorreram os primeiros avanços que resultaram nos
sistemas multiusuários de tempo compartilhado. Por meio de terminais interativos, diferentes
usuários revezavam-se na utilização do computador central. A IBM reinava praticamente sozinha
nessa época.
A partir de 1970, com o desenvolvimento dos minicomputadores de 32 bits, os grandes fabricantes,
como IBM, HP e Digital, já começavam a planejar soluções com o objetivo de distribuir o poder de
processamento dos mainframes e assim facilitar o acesso às informações. O lançamento do VAX
pela Digital, em 1977, estava calcado numa estratégia de criar uma arquitetura de rede de
computadores. Com isso, a empresa esperava levar vantagem sobre a rival Big Blue.
Quando um Vax era iniciado, ele já começava a procurar por outras maquinas para se comunicar,
um procedimento ousado numa época em que poucas pessoas tinham idéia do que era uma rede.
A estratégia deu certo e o VAX alcançou grande popularidade, principalmente em aplicações
cientificas e de engenharia. Muitos anos depois, a Digital acabaria sendo comprada pela Compaq,
que por sua vez, foi incorporada a HP. Mas as inovações surgidas com o VAX e seu sistema
operacional, o VMS, teriam grandes influencias nos computadores que viriam depois.
O sistema operacional Unix, desenvolvido em 1969 nos laboratórios Bell, trouxe inovações que
logo o tornou popular nas universidades e nos centros de pesquisa a partir de 1974. Era um
sistema portável e modular, capaz de rodar em vários computadores e evoluir junto com o
hardware. Os sistemas operacionais da época eram escritos em assembly, linguagem especifica
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para a plataforma de hardware. O Unix foi escrito quase totalmente em C, uma linguagem de alto
nível. Isso deu a ele uma inédita flexibilidade. No começo da década, ferramentas importantes
foram criadas para o Unix, como o e-mail, o Telnet, que permitia o uso de terminais remotos, e o
FTP, que se transformou no padrão de transferência de arquivos entre computadores em rede. Foi
essa plataforma que nasceu a maior parte das tecnologias que hoje formam a Internet.
Ethernet
Um dos principais saltos tecnológicos que permitiram a popularização das redes foi o
desenvolvimento da tecnologia ethernet. Para se ter uma idéia do avanço que essa invenção
representou, basta lembrar que, até aquela época, os computadores não compartilhavam um cabo
comum de conexão. Cada estação era ligada a outra numa distancia não superior a 2 metros. O
pai da Ethernet é Robert Metcalfe, um dos gênios produzidos pelo MIT e por Harvard e fundador
da 3Com.
Metcalfe era um dos pesquisadores do laboratório Parc, que a Xerox mantém até hoje em Palo
Alto, na Califórnia. Em 1972, ele recebeu a missão de criar um sistema que permitisse a conexão
das estações Xerox Alto entre si e com os servidores. A idéia era que todos os pesquisadores do
Parc pudessem compartilhar as recém-desenvolvidas impressoras a laser.
Uma das lendas a respeito da criação da Ethernet é que Metcalfe e sua equipe tomaram por base
um sistema desenvolvido por um casal de estudantes da universidade de Aloha, no Havaí.
Utilizando um cabo coaxial, eles interligaram computadores em duas ilhas para poder conversar. O
fato é que, antes de chamar-se Ethernet, a partir de 1973, o sistema de Metcalfe tinha o nome de
Alto Aloha Network. Ele mudou a denominação, primeiramente para deixar claro que a Ethernet
poderia funcionar em qualquer computador e não apenas nas estações Xerox. E também para
reforçar a diferença em relação ao método de acesso CSMA (Carrier Sense Multiple Access) do
sistema Aloha. A palavra ether foi uma referencia à propagação de ondas pelo espaço.
O sistema de Metcalfe acrescentou duas letras, CD (de Collision Detection) à sigla CSMA. Um
detalhe importante, porque o recurso de detecção de colisão impede que dois dispositivos
acessem o mesmo nó de forma simultânea. Assim, o sistema Ethernet verifica se a rede está livre
para enviar a mensagem. Se não estiver a mensagem fica numa fila de espera para ser
transmitida. A ethernet começou com uma banda de 2Mbps que permitia conectar 100 estações
em até 1 quilometro de cabo.
No inicio, usava-se um cabo coaxial chamado yellow cable, de diâmetro avantajado. A topologia
era um desenho de barramento (algo parecido com um varal) no qual o computador ia sendo
pendurado. O conector desse sistema foi apelidado de vampiro, porque “mordia” o cabo em pontos
determinados. Dali saia um cabo serial que se ligava à placa de rede. O yellow cable podia ser
instalado no teto ou no chão, conectado ao cabo menor.
O Mercado da Informação
A Ethernet não foi a única tecnologia de acesso para redes locais criada nessa época, mas
certamente se tornou o padrão mais difundido, por sua simplicidade e eficiência, chegando a mais
de 100 milhões de nós no mundo todo. As tecnologias Token Ring, da IBM, e a Arcnet, da
Datapoint, chegaram a ter seus dias de gloria (esta ultima ainda é largamente empregada no
Japão para processos de automação industrial), mas perderam terreno para a poderosa
concorrente. O primeiro impulso para difusão do padrão Ethernet ocorreu quando a Digital, a Intel e
a Xerox, em 1980 formaram um consorcio (DIX) para desenvolver e disseminar o padrão que
rapidamente evoluiu de 2Mbps para 10Mbps.
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O sistema Ethernet foi padronizado pelas especificações do IEEE (Instituto dos Engenheiros de
Eletricidade e Eletrônica), órgão que, entre outras funções, elabora normas técnicas de engenharia
eletrônica. O protocolo Ethernet corresponde à especificação 802.3 do IEEE, publicada pela
primeira vez em 1985. A conexão Ethernet utilizava, inicialmente, dois tipos de cabos coaxiais, um
mais grosso (10 Base5) e outro mais fino (10 Base2). A partir de 1990, com o aumento da
velocidade para 100Mbps, passou-se a usar o cabo de par trançado (10Base-T e 100Base-T), que
tem a vantagem de ser mais flexível e de baixo custo. Com o advento da fibra ótica, o padrão
Ethernet já esta em sua terceira geração. A Gigabit Ethernet, com velocidade de até 1Gbps.
Na década de 80, com a chegada dos computadores pessoais, as redes locais começaram a
ganhar impulso. O mercado corporativo demandava soluções para compartilhar os elementos mais
caros da infra-estrutura de TI (impressoras e discos rígidos). A Novell, uma empresa fundada por
mórmons em Salt Lake City, no estado americano de Utah, desenvolveu em 1983, o sistema
operacional NetWare para servidores, que usava o protocolo de comunicação IPX, mais simples
que o TCP/IP. O protocolo rapidamente ganhou força e chegou a dominar 70% do mercado
mundial até meados de 1993. A década de 80 foi marcada pela dificuldade de comunicação entres
redes locais que e formavam e que eram vistas pelo mercado como ilhas de computadores com
soluções proprietárias, como SNA, da IBM, DECnet, da Digital, NetWare, da Novell, e NetBIOS da
Microsoft.
Esse problema fez com que um casal de namorados da universidade de Stanford, Sandra Lerner e
Leonard Bosack, decidisse encontrar uma solução para que as redes locais de cada departamento
da universidade pudessem conversar. Diz à lenda que a preocupação do casal, que mais tarde
fundaria a Cisco, era trocar e-mails. E por isso inventaram o roteador, o equipamento que permitiu
a conexão de duas redes normalmente incompatíveis.
A verdade é que eles não inventaram, mas aperfeiçoaram e muito o projeto inical de um
engenheiro chamado Bill Yeager. O produto foi lançado comercialmente em 1987. A Cisco hoje
vale Bilhões e o resto é Historia. O quebra-cabeça das redes começa a se fechar a partir do
momento que a Arpanet, em 1983, passa a ser de fato a Internet, adotando definitivamente a
família de protocolos TCP/IP. No ano seguinte, surge outra grande inovaçã o DNS (Domain Name
System), mecanismo para resolver o problema de nome e endereços de servidores na rede. Com a
criação da World Wide Web, em 1991, e o desenvolvimento do browser pelo fundador da
Netscape, Marc Andreesen, a Internet deslanchou para se tornar a grande rede mundial de
computadores.
A difusão do protocolo TCP/IP no mundo corporativo que passou a ser a linguagem universal dos
computadores se deu a partir das plataformas Unix da Sun e da HP. Nos anos 90, as empresas já
estavam empenhadas em usar a informática para melhorar o processo produtivo. O mercado
começou a migrar de plataformas proprietárias para sistemas abertos. A questão não era
tecnologia, mas economia. O sistema Unix tinha vários fornecedores, uma plataforma de
desenvolvimento mais simples e mais versátil que os tradicionais mainframes. A pluralidade de
plataformas passou a ser a regra nas empresas. Isso só foi possível porque os obstáculos à
interligação de sistemas de diferentes fabricantes já haviam sido superados.

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